"Esse blog foi criado com a intencionalidade de divulgar fanfics curtas sobre Michael Jackson. Alguns contos podem conter cenas de sexo: e estes estão sinalizados com a tag [+18]. Espero que nenhum deles seja mal interpretado, visto que são escritos com muito amor por uma fã que respeita o Michael em primeiro lugar. Sejam muito bem vindos e espero que se divirtam lendo os contos tanto quanto me divirto escrevendo-os. Enjoy!"

sábado, 3 de agosto de 2013

"Will You Be There"





A jovem deitada em uma cama de solteiro tem no rosto um tom bem mais pálido do que o habitual. Está com os cabelos escuros desgrenhados, os olhos vermelhos, as bochechas molhadas pelas lágrimas inúteis que insistem em continuar a cair. Dizem que chorar ajuda a aliviar a dor... Mas olhando para ela, dá pra concluir que esse método não funciona com todas as pessoas. Quanto mais ela chora, mais perturbada ela se sente e, consequentemente, mais vezes ela pensa em acabar com aquilo tudo de uma vez por todas.

Ideias suicidas são idiotas. Idiotas quando não se tem coragem de ir até o fim. Ela já pensou em fazer aquilo, mas sempre desistiu no último momento. Adolescentes são dramáticos, fazem tempestade em copo d’água, é isso o que diz a sociedade. Para ela, no entanto, o suicídio faz sentido. Seria apenas uma forma de silenciar os gritos de uma alma inquieta, que ainda não descobriu por qual motivo veio ao mundo.

Jenny senta-se na cama e respira fundo, criando coragem para fazer o que deve ser feito. Sente uma angústia inexplicável, uma perturbação que escapa por todos os poros da sua pele, a impressão – e a constatação – de que TUDO na sua vida dá errado. Ao pensar no passado, vê imagens dolorosas da infância, e ao mentalizar o futuro, nada consegue ver além de um vazio preenchido por uma expressa névoa em preto e branco. Como encarar o futuro sem antes derrotar os fantasmas do passado? E como derrotar os fantasmas do passado se ela não tem forças nem mesmo para continuar a viver o presente?

Ela não tem a mínima esperança de que as coisas possam começar a dar certo. Talvez uns tenham nascido para ser felizes e outros tenham nascido para nem sequer saber o que é felicidade. Ela pede socorro em silêncio, mas ninguém consegue ouvi-la. “Você não está sozinha”, ela lembra a si mesma. Mas será que alguém realmente se importa? Ela faz alguma diferença? Quando ela, finalmente estiver morta, alguém sentirá a sua falta?

A garota pega os comprimidos e começa a abri-los, cartela por cartela. Esperou tanto por aquilo! Essa deve ser uma forma pouco dolorosa de morrer. Seca as lágrimas com as mãos trêmulas e agarra a copo com água em cima da mesa de cabeceira.

Mas antes de continuar, ela precisa se despedir de alguém. Do único que esteve ao seu lado em todos os momentos. A jovem precisa ouvir a voz dele, nem que seja por uma última vez! Passa os dedos pela foto do homem sorridente em um porta-retrato e, por uma fração de segundos, sente o coração um pouco mais aliviado
- Meu amor, me perdoe por ser tão fraca – ela diz para a fotografia, com os olhos cheios de lágrimas. – Eu tentei... Tentei tanto. Mas não consigo mais. Sou apenas mais uma criatura ferrada por esse destino maldito.

Jenny não está conversando com a fotografia porque é uma desequilibrada mental. Faz isso, porque essa é a única forma de ter Michael perto de si. Talvez ele nem saiba que ela exista, mas ela se sente abençoada por ter tido a chance de conhecê-lo. Em muitos momentos de completa solidão, a música e a presença – mesmo distante – dele lhe fez companhia. Ele lhe deu a força necessária para que ela continuasse seguindo em frente quando tudo parecia estar perdido. Agora, está sendo obrigada a se despedir da única parte da sua vida que ainda vale a pena. Michael é a única razão pela qual ela ainda não tomou os malditos comprimidos. Ela não quer decepcioná-lo. Não quer que ele a ache uma fracassada. Não quer perdê-lo para sempre.

Estica uma das mãos e aperta o play no aparelho portátil de som. Quer morrer ao som de Michael, isso lhe parece agradável e poético, embora seja trágico. Entre tantas e tantas músicas gravadas ali, os primeiros acordes de Will You Be There começam a tocar. Tinha que ser justamente essa?! Parece um presságio. Um sinal de que Michael a escuta, mesmo que isso pareça absurdo, sem lógica e sem fundamento.

Jenny se arrepia inteira e começa a chorar novamente. A voz de Michael ecoa pelo quarto... E, God, ele também parece tão... solitário!

Michael também tinha memórias dolorosas da infância. Ele foi julgado a vida inteira. Foi acusado de coisas absurdas, traído pelas pessoas que ele considerava amigas e de confiança. Um pedaço dele morreu quando muitos começaram a acreditar nas invenções que foram ditas ao seu respeito. Ele era um homem tão bom, tão honesto, tão iluminado... E mesmo sem merecer, conheceu a pior e mais cruel face do ser humano. Ele sofreu, chorou, também achou que tudo estava perdido. Teve noites horríveis e dias perturbadores! E diante disso tudo, de tanta dor e sofrimento, ele desistiu?

Ele parou de lutar? Entregou os pontos? Acomodou-se com a situação e perdeu todas as esperanças?

Não!

Ele transformou toda a carga negativa da vida dele em amor. Ele ajudou tantas pessoas! Ele espalhou amor por todos os lugares por onde passou. Mostrou que o mundo precisa - e pode! - ser curado.

Quantas vezes ele estava triste, e mesmo assim, conseguiu fazer outras pessoas sorrirem? Poderia ter se fechado, tornado-se uma pessoa amarga, mas nunca, jamais, agiu de tal forma. Continuou a ser o mesmo homem doce de sempre. Deu o seu melhor ao mundo, sem deixar se abater diante das dificuldades.

Ela fecha os olhos e ouve Michael perguntando na canção se ela estará lá. O que seria dela se desistisse tão fácil? Não pode, não deve, não vai! Ela precisa do amor de Michael e ele também precisa dela... Precisa que ela continue a lutar e aguardar o dia da vitória. Precisa que ela o ajude a curar o mundo, não pode perder um dos seus soldados do amor!

A garota afasta os comprimidos e aumenta o volume do som, permitindo que a música leve toda a angústia da sua alma. Sente-se mais leve, mais tranquila, tocada por algo divino. Desistir da vida diante das dificuldades pode ser a saída mais fácil, mas não é a mais correta. Todos estamos aqui em uma missão, e, assim como não coube a nós o momento de vir ao mundo, não nos cabe decidir o momento de ir embora dele.

Jenny levanta-se e seca as lágrimas, esforçando-se a pôr um sorriso no rosto. Ela vai estar lá, como ele pede na canção, reconstruindo sua fé a cada dia, plantando e semeando coisas boas ao próximo. Afinal, Michael está dizendo que não a deixará partir... pois ela sempre estará em seu coração.

_ FIM

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