"Esse blog foi criado com a intencionalidade de divulgar fanfics curtas sobre Michael Jackson. Alguns contos podem conter cenas de sexo: e estes estão sinalizados com a tag [+18]. Espero que nenhum deles seja mal interpretado, visto que são escritos com muito amor por uma fã que respeita o Michael em primeiro lugar. Sejam muito bem vindos e espero que se divirtam lendo os contos tanto quanto me divirto escrevendo-os. Enjoy!"

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Pecado do Nilo [+16]



"Pecado do Nilo"



Zaliki estava acomodada em seu suntuoso trono de ouro. O calor escaldante penetrava pelas paredes do palácio e servos aos seus pés a abanavam com plumagens, tentando, a todo custo, amenizar um pouco os efeitos que o clima quente e árido do deserto trazia consigo. Uma das escravas limpou um filete de suor da testa da rainha e outra continuou a lhe servir tâmaras na boca, vendo Zaliki mastigar com calma e paciência, com uma expressão de enfado estampada no belo rosto de traços bem marcados. O faraó Amenhotep estava ao seu lado no trono, observando-a, também sendo abanado e servido por meia dúzia de escravos.
           - Estou entediada – ela disse em um suspiro pesado e virou-se para Amenhotep. – O que poderia o rei fazer para entreter sua rainha?
       O faraó correu os olhos pelo rosto da esposa e abriu um pequeno sorriso. Era a mulher mais bela que já vira e nunca media esforços para agradá-la. Levantou os braços e bateu palmas, atraindo a atenção dos servos e dos soldados que guardavam a entrada do luxuoso salão real.
           - Não ouviram vossa rainha? – o faraó bradou a plenos pulmões. – Vamos, movam-se! Tragam-lhe algo para que ela possa se ocupar! Agora!
         O som de passadas apressadas e frenéticas ecoou pelo salão e apenas alguns minutos depois um homem calvo e encurvado foi anunciado diante do faraó e sua esposa. Ouviu-se o rufar de alguns tambores e ele postou-se sorrindo diante de sua majestade, tendo em mãos pequenas varetas de madeira marcadas com minúsculos hieróglifos.
A rainha levantou as sobrancelhas e observou o homem com atenção enquanto ele fazia uma sessão acrobática com as varetas que trouxera em mãos. Zaliki recostou-se no trono e revirou os olhos, dizendo para si mesma que a cabeça daquele homem pensaria bem melhor se estivesse separada do pescoço. Era muita audácia de sua parte apresentar um número tão bobo em frente do faraó e sua esposa. Fixou os olhos nele e, em apenas um sinal, mostrou aos guardas o que deveria ser feito com ele.


Dois guardas reais apressaram-se para agarrar os finos braços do homem e logo o levaram o para fora do salão. Zaliki arqueou novamente uma das sobrancelhas e observou o novo homem que se postara diante do trono, trazendo consigo duas estacas de madeira grossas e flamejantes.
- Apresento-lhes agora um dos maiores talentos do Nilo! – um dos servos anunciou com entusiasmo. - O incrível homem chama!
A rainha observou o homem levar as duas estacas à boca e, logo em seguida, cuspir uma labareda de fogo. Um belo truque, certamente, mas não o suficiente para deixá-la impressionada.
- Chega! Levem-no – ela murmurou e logo sua ordem foi obedecida. – Ísis esteja conosco! Isso é tudo o que vocês tem para me oferecer?
O som de passos ecou pelo salão real e um vulto coberto com uma longa capa negra caminhou até o trono e postou-se diante dele. A rainha inclinou-se para frente e Amenhotep encarou o recém chegado com um brilho de curiosidade no olhar.
- Mostre-nos o que sabe fazer – ordenou o faraó.
Todos voltaram os olhos atentos para a figura que surgira e o observaram enquanto o homem misterioso tirava um pó escuro de um bolso da capa e espalhava-o calmamente pelo chão.


Mas o que... – Amenhotep começou a dizer, com uma expressão interrogativa na face. Definitivamente, aquilo não era nem um pouco comum.
- Calado – censurou a rainha, redobrando a atenção e arqueando em conjunto as duas sobrancelhas.



O homem encaminhou os pés até o pó que derramara sobre o piso e, no absoluto silêncio, a túnica negra amoleceu e caiu sobre o chão, como se seu corpo houvesse se desintegrado e evaporado de dentro dela. 


Suspiros surpresos foram ouvidos em uníssono e o pó começou a se agitar, como se tivesse vida própria, fazendo o homem surgir novamente diante dos olhos surpresos que o fitavam, sem a túnica negra para cobri-lo desta vez.



Por Rá... – um dos servos sussurrou baixinho, de olhos arregalados, jogando-se no chão. – Que os deuses nos protejam. Os inimigos nos lançaram uma praga!

A rainha abaixou os olhos para o homem, com um suspiro contido, sabendo que aquele rosto que se materializara diante dela era mais belo que já tivera o prazer de ver em sua vida. Como ele fizera aquele truque?! Sem dúvida era um homem com talentos desconhecidos. Ele fixou os olhos escuros nela e abriu um sorriso, caminhando lentamente em sua direção. Não sentia medo, apenas curiosidade mesclada com algum outro sentimento que não conseguia identificar. Zaliki inclinou-se mais em seu trono, absolutamente surpresa e admirada, e o homem misterioso apontou um dos dedos em sua direção. Não era apreensão o que sentia, logo percebeu. O que sentia era desejo. Um desejo súbito de saber qualquer coisa a respeito daquele belo homem trajando preto e dourado que a encarava com firmeza de volta.
- Lembra-se de como isso tudo começou? – ele perguntou-lhe, dando mais alguns passos para frente, recolhendo sua mão e dando um beijo no dorso dela.



As palavras do homem a fizeram levantar uma das sobrancelhas e morder levemente o lábio. Nunca o tinha visto antes, mas, de certa forma, ele lhe parecia familiar. Teve a nítida impressão de que já vira seu rosto... lembrava-se de seus traços esculpidos em algum lugar, ornamentados com ouro, mas não conseguia se lembrar onde nem quando. Revirou o cérebro a procura de alguma lembrança, mas nada mais foi capaz de encontrar. Sentiu o calor dos lábios do estranho ainda em sua pele e teve certeza de que, em algum outro momento, passara exatamente pela mesma experiência.
O faraó levantou-se do trono em um salto e apontou com pressa para o homem. Havia ficado subitamente paralisado quando o homem emergira do chão, observara-o tão surpreso que não conseguia mover sequer um único músculo. Precisou de certo esforço para ordenar que o capturassem.
- Peguem-no! – ele bradou para os guardas quando conseguiu formular a frase. – Ele é um feiticeiro, um enviado de Set! Detenham-no!
Antes que a rainha pudesse dizer algo, os guardas reais avançaram na direção do homem com lanças em punho, tentando a todo custo capturá-lo. Zaliki sabia que o faraó ordenaria que ceifassem a vida do jovem antes mesmo que ele pudesse se explicar. Ela levantou-se sobressaltada, disposta a se entrepor entre o homem e os guardas, e suspirou aliviada quando percebeu que, tão misteriosamente quando havia surgido, o homem sem nome havia desaparecido. Poderia mesmo ele ser um enviado de Seth, afinal de contas, a magia com certeza se fizera presente ali, mas, de certo modo, ele não lhe parecera nenhum pouco ameaçador. Os guardas precipitaram-se em direção à saída, procurando algum sinal do feiticeiro e o faraó analisou a rainha dos pés à cabeça, sem deixar de notar o quanto ela ficara perturbada com o episódio.
- Não se preocupe, minha lua-de-marfim – Amenhotep murmurou. – Irão encontrá-lo e em breve seu sangue estará matando a sede dos nossos leões.
Zaliki apertou os olhos diante da visão.
- Se o encontrarem, meu raio-de-Hórus, peço para que ele seja poupado. Tenho certeza de que há uma explicação para tudo o que acaba de acontecer aqui.
O faraó observou-a com cautela.
- O que me pede? – ele diz em tom de censura. – Que eu poupe a vida de um feiticeiro? Lamento, mas isto não lhe cabe decidir. Sei o coração bondoso que tens minha lua e, se assim preferir, posso ordenar que o matem sem dor.
- Não quero que o matem – ela repetiu.
- Não lhe cabe decidir – o faraó repetiu, com mais firmeza desta vez.
A rainha o fitou com fúria e, insatisfeita, afastou-se do trono e caminhou em passadas largas até os aposentos reais. Algumas escravas apressaram-se em acompanhá-la mas ela as censurou rapidamente. Queria ficar sozinha. Jogou-se na cama, contendo as lágrimas, e pediu aos deuses que o jovem sem nome conseguisse escapar. O que não daria para conhecê-lo melhor? Poderia oferecer muito ouro para que lhe trouxessem informações, mas de nada isso iria adiantar se Amenhotep colocasse as mãos nele.
- Pobre homem sem nome – ela murmurou com um nó na garganta. – Que os deuses protejam você.
Ouviu-se um farfalhar em um dos cantos do quarto e a rainha virou-se em sobressalto ao perceber que alguém a espreitava por entre uma cortina de contas. Saltou rapidamente da cama e arregalou os olhos quando deu de cara com o feiticeiro parado diante dela.
- Sou eu o homem sem nome? – ele perguntou com um pequeno sorriso. Ela ficou paralisada, sem nada dizer, mas em sua expressão havia uma afirmativa. – Permita-me que eu me apresente, majestade – murmurou e pegou outra vez sua mão; em uma intimidade que os súditos não deveriam se permitir. – Meu nome é Michael.


- Michael – ela repetiu, notando o quanto aquele nome era incomum. A única vez que ouvira aquele nome foi quando alguém lhe comentara a respeito de um faraó que governara centenas de anos antes de Amenhotep. Não poderia ser este mesmo homem, claro que não poderia. – O faraó deseja matá-lo. E certamente o fará se os guardas conseguirem capturá-lo.
Michael sorriu.
- São um bando de tolos – ele murmurou. – Os guardas e o faraó. Não irão me capturar. Tenho qualquer um deles na palma da mão.
A rainha o observou e mordiscou o lábio. Como ele ousava se mostrar tão confiante? Olhando-o de perto, percebeu ela, era ainda mais belo do que havia se mostrado minutos atrás, no salão real. Como ele entrara em seus aposentos? Ora, que pergunta tola! Certamente da mesma forma que desaparecera de dentro da túnica e ressurgira do chão.
- Conte-me mais sobre esse truque de mágica – ela murmurou.
Michael levantou uma das sobrancelhas.
- Truque?
- Sim, truque. O truque que você fez para chegar até aqui. Ensine-me.
Ele correu os olhos pela face de Zaliki e pareceu se divertir.
- Por que eu faria isso?
- Porque sou sua rainha – ela murmurou com firmeza. – Você me deve total obediência. Vamos. Ensine-me. Mostre-me como se faz.
Michael assentiu, com um pequeno sorriso nos lábios, e esticou as duas mãos com as palmas voltadas para cima.
- Faça isso, majestade – ele instruiu e Zaliki o fez. – Feche os punhos três vezes seguidas – murmurou e ambos fizeram o movimento. – Agora dê quatro pulinhos para cima...
Zaliki viu o tom de deboche em sua voz e logo percebeu que ele não estava falando sério. Estava a fazendo de boba e divertindo-se com isso!
- Por quem me toma?! – ela disse com uma ponta de irritação insinuando-se na voz. – Está me fazendo de tola, não está? Quanta audácia! Eu poderia ordenar que o atirassem aos leões ou que lhe lançassem no Nilo com uma pedra atada ao pescoço!
- Perdoe-me – Michael disse, ainda sorrindo. – Não me atrai a ideia de perder nosso tempo com truques. Tenho coisas mais interessantes para mostrá-la.
A rainha engoliu em seco, captando algo oculto por trás daquelas palavras. Sentia-se protegida ao lado daquele homem, por mais insensato que isso pudesse ser. E sentia-se atraída por ele de uma maneira para a qual não havia explicação.
- Contanto que você não me faça de tola outra vez... – ela murmurou, vendo-o se aproximar até parar a poucos centímetros de distância.
- Não farei – ele sussurrou ao seu ouvido e, lentamente, abaixou os lábios até seu pescoço. Zaliki arfou baixo e Michael acariciou sua pele com os lábios. Mordeu de leve o seu queixo e, em apenas alguns segundos, estava com a boca bem diante da dela.
- Beije-me – ela pediu com a voz fraca e Michael a enlaçou, aproximando por completo seus lábios. A boca dela se entreabriu e ele passou a explorá-la com a língua, mostrando para ela que aquele simples ato era muito melhor que qualquer truque de mágica. Ela sentia a cabeça zumbir, o calor tomar conta do seu corpo. Queria ter tudo que aquele homem pudesse lhe oferecer. – Eu quero ser sua – ela anunciou para ele, tomada pelo impulso irrefreado, com um fio descompassado de voz.


- Você já é, minha flor-de-lótus – Michael sussurrou ao seu ouvido e deu um leve beijo em sua nuca.
Zaliki pendeu a cabeça para trás e permitiu que as carícias continuassem, os lábios ávidos descendo por seu pescoço desta vez. Michael empurrou-a para a cama e retirou o adorno de ouro da sua cabeça, permitindo que os cabelos da rainha se desprendessem. Logo suas mãos encontraram as sedas que a cobriam e abriram lentamente sua roupa, revelando aos poucos o corpo quente para ele. Ela arqueou-se para trás e a boca dele encontrou seus mamilos, chupando-os e sugando-os enquanto os dedos massageavam com cuidado suas coxas. A boca dele continuou a descer indo cada vez mais ao sul, explorando seu corpo excitado com os lábios e a língua. A rainha gemia sob sua boca, pedindo que ele continuasse, contorcendo-se em um prazer que o faraó nunca lhe oferecera.
Todo o corpo de Zaliki pareceu vibrar e explodir com as carícias ousadas da boca de Michael. Ela gemeu seu nome repetidas vezes, tomada por um prazer intenso que jamais pensara existir. Ela via o desejo queimando nos olhos dele e sentia o quanto ele estava duro por sua causa. Entre beijos ela também o despiu, peça por peça, revelando com expectativa o corpo nu dele para si.
Tocou seu membro rijo e úmido, tomada por uma grande excitação, e ouvi-o gemer baixo em seu ouvido. Moveu suas mãos por ele, explorando-o com os dedos, enquanto ele não parava de beijá-la. Logo as mãos dele afastaram suas pernas e, com os olhos bem fixos em seu rosto, ele levou-se para dentro da rainha, movendo-se lentamente para que ela sentisse cada centímetro da sua espessura. Os gemidos ecoaram por todo o quarto e ambos se movimentaram com luxúria, extraindo o máximo daquele momento em que partilhavam o mais completo e puro prazer.
Agarrada nele, Zaliki foi levada ao ápice do prazer por incontáveis vezes e, quando o trouxe consigo, ele estremeceu violentamente contra seu corpo. Era uma loucura, uma completa loucura, mas ela nunca se sentira tão satisfeita em toda sua vida. O corpo dela parecia já conhecer o de Michael, sua mente parecia reconhecer cada reação. Quando terminaram se fazer amor, ele lhe disse que o destino de ambos já haviam se cruzado em outros tempos e, por mais que ela não se lembrasse, já haviam experimentado tudo aquilo antes. As explicações não vieram e, instigada com o tom de mistério, ela desistiu de perguntar. Que Rá a protegesse dali para frente. Estava condenada a amar e desejar aquele homem até seu último suspiro.
- Prometa-me que irá voltar – ela pediu enquanto ambos se vestiam. – Prometa-me que virá me ver outra vez.
Michael beijou seus lábios e assentiu.
- Prometo – disse e pôs-se de pé.
A rainha o observou e notou que ele estava com o olhar fixo na cortina de contas douradas que se erguia na entrada dos aposentos.
- O que há de errado? – ela perguntou.
O faraó está vindo para cá – Michael respondeu. – E ele não está sozinho.
Zaliki não ouvira o barulho de passos mas, se Michael estava dizendo aquilo, era porque Amenhotep realmente estava a caminho. Ela levantou-se em um sobressalto, com o coração subitamente acelerado. Como ele iria sair dali?! O que aconteceria a Michael se o faraó conseguisse capturá-lo?
- Esconda-se! – ela disse com nítida preocupação. - Esconda-se, meu pecado-do-Nilo! – ela insistiu enquanto Michael depositava um último beijo em seus lábios e ficava ali, parado tranquilamente no meio do quarto. – Amenhotep servirá seu sangue e sua carne aos leões se você se deixar ser encontrado aqui!
- Não se preocupe, minha amada, os deuses estão comigo – ele disse lhe sorrindo. Levantou as sobrancelhas antes de acrescentar: - E nenhum homem pode morrer duas vezes.
Zaliki perguntou-se se ouvira as palavras direito e, ao perceber que sim, tentou entender o que Michael queria lhe dizer com aquilo. Ouviu o som de passos ecoarem pelo aposento e arregalou os olhos quando Amenhotep e uma dúzia de guardas reais com lanças em punho se depararam com o feiticeiro. 


Quando os guardas deixaram seu amante sem saída, cercando-o por todos os lados, ela preparou-se para jogar-se em sua frente e morrer por ele, se isso se fizesse necessário. Mas a rainha conteve-se, carregada de alívio e espanto, ao ver Michael abrir um sorriso satisfeito, o mais belo que ela já vira, e girar nos calcanhares, transformando-se em areia e sendo levado para fora com um simples balanço do vento.

_  NN





sábado, 8 de fevereiro de 2014

"Crazy About You" [Recomendado para maiores de 18 anos]


Hello peolpe \O/ 
O que acham de um conto da Era HIStory... com o Michael de cabelo curto desta vez? :3
Espero que se divirtam com esse sweet dream. Beijos!




Apaguei a luz do quarto e me preparei para ir dormir. Os dias sem Michael estão sendo bem mais tediosos do que eu esperava. Namoramos a pouco mais de seis meses e, na sua rotina de pop star fora do habitual, o que mais me incomoda é ter que ficar longe dele com bastante frequência. Sei que a vida dele é assim, mil e uma agitações e compromissos, por isso já me acostumei. Quando ele está perto, aproveito ao máximo cada segundo da sua presença. Quando ele está longe, tenho que aprender a lidar com a saudade sufocante que sua ausência causa.

Vesti uma camisola preta de rendas, que é a favorita de Michael por sinal, e acomodei-me na cama, tentando pegar no sono mesmo sem ter o corpo dele aninhado do ao meu. Senti minhas pálpebras pesarem e meus olhos começarem a piscar com cada vez mais dificuldade. Ajeitei a cabeça no travesseiro, sentindo a brisa suave vinda da janela entreaberta, e tive a nítida impressão de escutar o som de alguns passos no corredor.

Apurei os ouvidos e abri os olhos, esforçando-me para me manter alerta. Não poderia ser ninguém, por mais que eu ainda estivesse ouvindo o barulho de passos.  Não havia ninguém além de mim no apartamento, por tanto, ninguém poderia estar vindo na direção do meu quarto. Seria um ladrão? Sobressaltei-me ao pensar na possibilidade. Sentei-me rapidamente na cama e já estava vestindo o robe quando a maçaneta girou e um homem projetou-se para dentro do quarto.

Não precisei de muito tempo para reconhecer aquela silhueta. Um vinco formou-se em minha testa e um enorme sorriso iluminou-se em meus lábios. Eu não sabia como, mas Michael estava em pé diante de mim, observando-me atentamente com seus olhos negros, espreitando-me na escuridão. Provavelmente chegara de viagem antes do esperado e resolvera me fazer uma surpresa. 




Seu olhar para mim era firme, tão firme que por alguns segundos perguntei-me se havia feito algo de que ele não gostara. Levantei-me aproximei-me dele passei as mãos pelos seus cabelos.

- Por que não me avisou que voltaria hoje? – perguntei para ele. – Eu teria ido até o aeroporto para recebê-lo.

Ele mordeu o lábio inferior, típica atitude para me provocar, e enlaçou as mãos no meu quadril, empurrando-me contra a parede.




- Quis fazer-lhe uma surpresa – sussurrou ao meu ouvido. Passou os lábios quentes pela minha nuca, descendo até o ombro. – Sentiu falta do seu homem, Claire?

- Muita – sussurrei de volta, sorrindo e jogando a cabeça para trás.

Ele beijou minha boca, sugando o lábio inferior, e uma das suas mãos encontraram meus seios por cima da camisola.

- Quero sentir o seu corpo, baby – ele disse para mim. – Estou louco para fazer amor com você.

Sua pressa me fez sorrir e arrastá-lo para a cama, sem me permitir cessar o beijo. Michael começou a morder e chupar meu lábio inferior, enquanto as habilidosas mãos desciam a alça da fina camisola, deixando-a cair no chão. Os lábios dele desceram para o meu pescoço, minha nuca, meus ombros, até encontrar a curva inicial dos meus seios. Gemi de excitação e ele tocou um dos mamilos com a boca, passando a língua e esfregando os dentes devagar. Fechei os olhos, sentindo meu corpo inteiro se convulsionar, e apertei seus cabelos em minhas mãos, tendo a plena certeza de que permitiria que ele fizesse de mim o que quisesse naquele momento. Meu corpo sentia falta do seu e eu precisava, mais do que nunca, ser dele.

Deslizei meus dedos pelos seus cabelos e trouxe a boca dele de volta para a minha. Os lábios macios e generosos estavam vermelhos, sedentos, e eu os observei, sentindo minha intimidade estremecer. De perto via-se uma fina barba por fazer em contraste com sua pele clara, simples detalhe que fez meu tesão por ele aumentar ainda mais.




         - Você. Tem. Uma boca. Muito. Gostosa – eu disse para ele, fazendo seus lábios se retraírem em um sorriso de pura e completa malícia.

         Segurei a barra da sua camisa branca com a ponta dos dedos e a levantei, fitando-o nos olhos enquanto o acariciava. Beijei seu pescoço, descendo para o peitoral, lambendo e chupando sua pele quente. Ele arfou, respirando apressadamente, e deslizou as mãos pelas minhas costas com suavidade, me pedindo que continuasse.

        Minhas mãos encontraram o zíper da sua calça e eu a retirei rapidamente, me livrando pouco depois dos seus sapatos e das meias. Fitei a boxer branca que cobria o seu membro; e ver o volume ali presente me deixou ainda mais excitada. Gostei de saber que eu era o grande motivo daquilo tudo. Dei um sorriso tarado de quem diz ”isso aí baby, eu controlo a situação” e desviei os dedos para dentro da boxer despudoradamente, pressionando seu sexo entre meus dedos.

      Michael respirou pausadamente e libertei o seu membro de dentro da cueca; tendo logo em seguida a visão do paraíso. Lá estava minha delícia, enorme, grosso, extremamente rígido e, assim como notei prontamente, crescendo cada vez mais. Mordi o lábio inferior e me inclinei sobre ele, salivando de desejo.

       Olhei para Michael e fechei uma das as mãos em torno do seu sexo pulsante, movendo-a devagar para cima e para baixo. Ele gemeu o meu nome e pendeu a cabeça para trás, pedindo que eu continuasse a masturbá-lo. Acatei o seu pedido, estimulando-o não só com as mãos, mas com a boca também. Puxei o ar com cautela e deslizei a língua molhada pelo seu membro, fechando os lábios em torno dele e empurrando-o o mais fundo que consegui. Michael revirou os olhos e mordeu o lábio com força, acompanhando o meu ritmo com o quadril. 

        Continuei chupando forte, cada vez mais rápido, em uma intensidade quase frenética. Quando percebi que ele iria gozar, reduzi a velocidade, disposta a provocá-lo. O retirei da boca e suguei a glande devagar, voltando pouco depois a colocá-lo na boca mais uma vez. Continuei a fazer isso até que ele não conseguiu mais se segurar. Seu corpo inteiro se estremeceu e ele me apertou forte, gozando na minha boca. Meu olhar deve tê-lo avisado que essa era mesmo a minha vontade. Senti o líquido quente deslizar pela minha língua e descer pela garganta; a deliciosa constatação que eu o havia levado ao ponto máximo de prazer. Dei um sorriso satisfeito e joguei um beijo para ele, ainda sentindo o seu gosto. O gosto do meu homem.

        Ainda ofegante, Michael me deitou na cama e colocou-se em cima de mim, mordendo devagar o lóbulo da minha orelha. Agarrou a minha calcinha apressadamente, puxando-a para baixo com tanta pressa que por pouco não dividiu-a em duas. Desviou seus longos dedos para o interior da minha coxa e deslizou o dedo médio para dentro de mim. Cravei as unhas nas suas costas, gemendo de tesão ao sentir o quão profundo ele conseguira me alcançar. Ele encaixou mais um dedo, tirando-os e colocando-os dentro de mim rapidamente, enquanto beijava minha boca com ardor. Disse ao meu ouvido que estava gostando de me ver tão molhada daquela forma... tão pronta pra ele.

       Cheguei ao orgasmo com o seu simples toque, e enquanto eu ainda me contorcia sobre a cama, ele encaixou-se em mim. Puxei o ar com força, gemendo ao seu ouvido, sentindo-o entrar em mim cada vez mais rápido. Tê-lo dentro de mim era uma sensação indescritível, algo incapaz de ser explicado em palavras. O agarrei com força, enquanto sentia seu membro deslizar na parede interna da minha vagina, e logo fui arrastada para o segundo clímax, ainda mais intenso que o primeiro.  Michael derramou-se dentro de mim, completamente suado, e me apertou forte enquanto seu membro não parava de se retesar, observando-me com um sorriso satisfeito e malicioso nos lábios.

       Permanecemos abraçados, tentando nivelar a respiração, envoltos na deliciosa sensação de termos saciado os nossos desejos. Pouco depois ele saiu de mim e me deu um beijo demorado, brincando com uma mecha que se desprendera do meu cabelo. Entrelaçamos nossas mãos e ele escorregou para fora da cama até sentar-se no chão, permitindo que eu apoiasse a cabeça em seus ombros.



     Meus olhos tornaram-se pesados e senti que estava perdendo, ou recobrando, aos poucos a consciência. Pressionei as pálpebras e enxerguei o teto do quarto a cima de mim. O dia já estava claro e eu estava deitada na cama, com a mesma camisola preta que dormira na noite anterior, a calcinha molhada de excitação. Vasculhei o quarto com os olhos mas não havia nem sinal de Michael ou das suas roupas.

       “Caramba... eu sonhei” murmurei comigo mesma, rindo por estar em grau tão elevado de carência que já estava até mesmo tendo sonhos eróticos bem reais com o meu namorado. Levantei-me e espreguicei-me, tentando reordenar os pensamentos embaralhados. Abri a gaveta da mesa de cabeceira e peguei o bilhete que recebi de Michael um dia antes da sua viagem. “Logo estarei de volta, flor de mel.”

      Repousei um beijo em cima das suas letras e guardei o bilhete novamente em seu lugar. “É muito bom você voltar logo, baby, ou vou acabar ficando maluca.” Pensei comigo mesma, rindo e indo em direção ao banheiro, preparando-me para, depois de um sonho tão inspirador, me resolver mais uma vez pensando nele.

_FIM

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"Sempre ao seu lado"

Esse é um conto verdadeiramente especial para mim. Fala sobre um assunto delicado, que evitei ao máximo escrever até hoje, mas de certa forma, tive uma grande necessidade de fazê-lo. É como dizer"Michael, não importa o que aconteça, as pessoas que te amam estarão sempre ao seu lado" .
Espero que gostem, foi escrito com muito carinho.
Kisses and hugs.


“O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo.”
Antoine de Saint-Exupéry



Qual é a primeira coisa que vem a cabeça das pessoas quando elas escutam o nome Michael Jackson? Música, certamente. Dança, videoclipes, inovação na maneira de produzir arte. Filantropia, rancho Neverland, recusa em deixar totalmente de ser criança. Essas são as coisas que a maioria das pessoas costuma pensar. E era exclusivamente o que eu pensava. Até ter a oportunidade única de conhecê-lo.

Hoje, ao ouvir o nome Michael Jackson, a primeira coisa que me vem à mente é a palavra luta. Vejo-o como um homem que lutou com todas as suas forças contra diversos tipos de males. Travou batalhas contra a mídia, contra o preconceito, contra mentiras que pretendiam manchar a sua reputação: e, como o desafio mais difícil e exaustivo de todos, ele lutou contra si mesmo. Contra seus próprios medos, suas próprias dores e angústias. Foram momentos cheios de incerteza, quando muitos acreditaram que tudo estava perdido. Mas eu, em minha mais completa fé e perseverança, nunca duvidei de que ele iria conseguir. Michael era um guerreiro, não demorei muito a perceber. Ele não se deixava abalar com facilidade.

Conheci Michael Jackson pessoalmente em uma festa promovida pela Sony, pouco mais de um ano antes do lançamento do seu álbum Invincible. Na época eu estava com 23 anos e trabalhava no setor artístico da gravadora, na projeção de capas, encartes e banners de divulgação. Estava claro que, apesar de outras celebridades estarem presentes, Michael era o convidado mais importante daquela festa. Todos, inclusive os próprios artistas, queriam falar com ele, comentar sobre seu trabalho, puxá-lo para uma foto. Não pensei duas vezes antes de me aproximar para apertar sua mão e dizer acompanhava sua carreira desde o álbum Bad. Conversamos por bastante tempo e fiquei encantada com a forma como ele me deu sua atenção e carinho, mesmo sem nunca ter me visto antes na vida. Ele foi incrivelmente gentil, simpático e educado, além de ser dono de uma simplicidade tão grande que tornava difícil assimilá-lo ao homem rico, poderoso e hiper famoso que realmente era. Nem pude acreditar quando, pouco antes de ir embora, ele pediu a seu motorista que perguntasse o meu número de telefone. Atendi o seu pedido; na verdade sem acreditar que ele realmente ligaria, e confesso que me senti extremamente surpresa com sua atitude. Surpresa e, é claro, lisonjeada por ter despertado seu interesse.

Após esse primeiro encontro, tudo passou a acontecer rápido demais. Recebi um telefonema seu duas semanas depois e passamos a nos comunicar frequentemente por telefone. Jantamos juntos algumas vezes e começamos a conhecer cada vez mais um sobre o outro. Meses depois fui convidada a visitar o seu rancho Neverland... e o que aconteceu lá, durante minha primeira estadia, mudou definitivamente o rumo da minha vida. 

Mais do que amigos e confidentes, eu e Michael nos tornamos amantes. Comecei a fazer parte do convívio dele e dos seus filhos. Ele dizia a todos que eu era apenas uma amiga, pois não desejava que nosso relacionamento fosse descoberto pela mídia e dissecado em jornais, revistas e programas de televisão. “Admiti meu envolvimento com Lisa e veja o que aconteceu” ele sempre dizia. “Fizeram todo o inferno para que as pessoas não acreditassem que estávamos realmente juntos.” 

Michael sempre procurou manter sua privacidade e esta é a razão pela qual ninguém nunca soube que estávamos vivendo um romance. Às vezes ele era até mesmo um pouco paranoico em relação às pessoas que faziam parte do seu círculo de convivência. Ele tinha medo de que todos estivessem o espionando, colhendo informações para vender para a imprensa ou para os artistas concorrentes. Isso é absolutamente compreensível, levando em conta que ele já havia sido traído por muitas das pessoas em quem confiava. Se eu já percebera que ele era um pouco desconfiado em relação aos outros, pude comprovar isso definitivamente na primeira vez que fizemos amor. Foi nessa ocasião que eu tive a dimensão do quanto o envolvimento com outra pessoa era complicado para ele. 

“Você irá me prometer, Amber, que o que nós fizermos nesse quarto não será contado a ninguém” ele disse parando de beijar meus lábios, assim que me acomodou em sua cama. 

“Confie em mim, okay?” eu respondi enlaçando os braços em volta do seu pescoço. 

“Apenas prometa” ele insistiu. 

“Tudo bem, eu prometo” murmurei beijando seus lábios de leve. “Mas me diga... Você acha que as pessoas não sabem que você transa?” perguntei encarando-o com um sorriso divertido, achando engraçado o mistério que ele gostava de criar em torno de si. 

“Alguns nem sequer imaginam” ele respondeu, sua face tingindo-se repentinamente de rubor. “É a nossa intimidade afinal de contas. Ninguém precisa ficar sabendo.” 

Ele me beijou e começou a desabotoar minha blusa, apertando suavemente meus seios ao finalmente conseguir libertá-los. Desenhou uma sequência de beijos no meu pescoço e tocou um dos mamilos com os dedos, começando a massageá-lo cuidadosamente com a língua molhada. 

“Isso é muito bom, sabia?” gemi infiltrando as mãos em seus cabelos. 

“Oh baby, eu sei” ele murmurou. “Imagina só quando a minha boca chegar lá embaixo.” 

“Michael... você... vai...?” Um sorriso de satisfação estampou-se em meus lábios. “Meu Deus, o Rei do Pop é um tremendo pervertido disfarçado de garoto inocente.” 

Ele sorriu, um risinho carregado de malícia, e desceu os lábios pela minha barriga. 

“Você ainda não viu nada, Amber. Mas não se preocupe. Logo você verá” 

Michael mostrou-se incrível na cama. Delicado, experiente, afetuoso, quente e sempre ávido por mais. O sexo tornou-se um fator muito importante no nosso secreto relacionamento, mas não era a única coisa que nos ligava um ao outro. Estávamos verdadeiramente apaixonados. Eu o amava mais do que sou capaz de explicar em palavras. Queria cuidar dele, sempre tê-lo por perto. Aqueles primeiros meses foram absolutamente maravilhosos para nós, cheios de momentos felizes e descontraídos. Mas não demorou muito para que nossos sentimentos fossem postos à prova. 

Uma semana antes do lançamento de Invincible, quando já estávamos juntos a vários meses, o temperamento de Michael estava bastante afetado pela pressão constante da gravadora. Além de estar se desentendendo com a Sony por conta de divergências no orçamento para promover o disco, Michael acreditava que estavam tentando boicotá-lo. As faixas do disco ainda não haviam sido escolhidas e as gravações ainda estavam sendo finalizadas. Ele dizia que os produtores estavam atrasando as coisas de propósito para que ele não conseguisse cumprir os prazos estabelecidos. Eu nunca o vira sob tanta pressão antes. Ele estava no centro de um turbilhão de acontecimentos. Reclamava que tudo recaía sobre ele e que, há muito tempo, ele não estava conseguindo fazer sua arte como realmente desejava. 

Eu sabia no que Michael se refugiava quando sentia perder o controle sobre as coisas. Por diversas vezes eu o vi sendo medicado, e no início até achei que era uma coisa normal. Mas com o passar do tempo eu percebi que não havia nada de normal naquilo. Ele estava, há muitos anos, viciado em remédios e, infelizmente, a maioria das pessoas ao seu redor não fazia nada de efetivo para ajudá-lo. Os médicos alimentavam o vício, quando na verdade deveriam tirá-lo daquela situação. Perdi as contas de quantas vezes cheguei em Neverland e encontrei Michael sedado, falando coisas que não faziam o mínimo sentido. Fiz ele me prometer que não faria aquilo outra vez e, por um momento, achei que ele realmente iria cumprir sua promessa. 

Aquele era um campo absolutamente minado na nossa relação. Ele não gostava de intromissões em sua vida e não admitia que ninguém o dissesse o que fazer. Eu sabia que aquele caminho era perigoso e que Michael não conseguiria sair dele sozinho. Minha impotência doía, me tornava uma pessoa com um constante sentimento de frustração. Do que poderia valer o meu amor se eu não pudesse ajudá-lo a lidar com seus problemas? Mas como eu poderia o fazer, se ele simplesmente me afastava cada vez que resolvia sucumbir àquele vicio maldito? 

Creio que aquela complicada situação atingiu o seu ápice no dia do meu aniversário, quando ele deveria ter aparecido no meu apartamento para um jantar de comemoração. Ele costumava se atrasar às vezes, mas naquela noite ele extrapolara muito o horário que marcamos. Liguei para Neverland, preocupada com o que poderia estar acontecendo, e Grace me disse que Michael estava dormindo. Soube no mesmo instante que ele não estava dormindo um sono normal. Era meu aniversário e eu sabia que ele não havia esquecido. Além do mais, estava cedo demais para dormir. Sem pensar duas vezes, dirigi até o rancho e, duas horas depois, eu estava frente a frente com Grace. 

Quando eu cheguei, Prince, na oportunidade com 4 anos, e Paris, com 3, estavam na sala com Grace, brincando com jogos de montar. Havia uma tensão no ar, algo que as crianças não conseguiam perceber, mas que todos os empregados compartilhavam. Agachei no tapete, deu um beijo na testa das crianças – que me conheciam como tia Abby – e virei-me na direção da babá, esforçando-me para não me mostrar muito nervosa e preocupada. 

- Onde ele está, Grace? – perguntei. 

- Lá em cima – ela respondeu. – Dormindo. 

- Desde quando? – questionei. 

Ela hesitou por alguns segundos. 

- Desde antes do almoço. O doutor Madison está com ele. 

- O papai não quis brincar hoje – Prince murmurou com sua vozinha doce e incrivelmente nítida. 

- Você pode subir e chamar ele? – Paris perguntou. 

- Posso, sim – respondi, com um nó na garganta. – Fiquem aqui com a Grace que eu irei ver como está o papai, okay? 

Os dois assentiram e eu encarei Grace por um momento, criando coragem para finalmente subir as escadas. 

Minutos depois eu estava no andar de cima, lutando contra minhas próprias pernas que se recusavam a caminhar até o seu quarto, com medo do que eu poderia encontrar quando o visse. Denzel, um dos seus quatro seguranças pessoais, estava andando de um lado para o outro no corredor, com o semblante preocupado. Ele aproximou-se de mim assim que avistou minha silhueta cruzar em direção à porta. 

- Não – ele murmurou impedindo minha passagem. – Não posso deixá-la entrar lá. O Michael está com o médico. 

- Pro inferno com esse médico! – bradei, sentindo uma mistura de medo, raiva e indignação por todos ali compactuarem com o absurdo de sedar Michael a cada vez que ele queria dormir. – Eu vou entrar e irei acordá-lo. 

- Você não pode – respondeu. – Ele está medicado. 

- Onde vocês estão com suas cabeças? – perguntei para o segurança. – Esse tal de doutor Madison enfia remédios nele com a simplicidade que uma criança enfia balas na boca. Ninguém aqui imagina o quanto isso pode ser perigoso?! 

- Amber... - Ele suspirou e, pelo seu olhar, dava para perceber com clareza que ele também não se sentia confortável diante daquela situação. 

- Eu disse que vou entrar, Denzel – afirmei colocando a mão na maçaneta. Como sabia que eu não iria desistir, ele apenas me observou e afastou-se, permitindo a minha entrada no quarto de Michael. 

Abri a porta e entrei, dando passos lentos em direção ao centro do quarto. O médico grisalho estava sentado em uma poltrona, olhando o jardim iluminado pela janela, e teve um pequeno sobressalto ao notar minha presença. Meus olhos, sérios e preocupados, procuraram por Michael no mesmo instante, e logo o encontraram. Ele estava deitado na cama, de pijama, dormindo com a expressão tranqüila, estirado de uma maneira estranha pelo colchão. 

Qualquer pessoa conseguiria perceber que aquele não era um sono habitual. A respiração dele estava tão fraca que parecia inexistente. Ele estava muito pálido, como se não houvesse sequer uma única gota de sangue correndo pelas veias. O braço esquerdo, repousado ao lado do corpo, estava vermelho e com alguns hematomas formados por marcas de agulha. Senti meus olhos encherem-se de lágrimas ao vê-lo e, por um momento, não consegui pronunciar nenhuma palavra. 

- Ele irá ficar bem – o médico disse para mim, levantando-se. 

“Bem? Ele não me parece nem um pouco bem” pensei comigo mesma, mas não consegui dizer a frase em voz alta. 

- Já fizemos isso antes – doutor Madison murmurou, na certa para me deixar um pouco mais tranqüila. – Tenho tudo sob controle. Logo ele estará acordado. 

Limpei as lágrimas, sem conseguir tirar os olhos de Michael. 

- O que o senhor deu pra ele? – perguntei com um fio de voz. – Valium? 

Ele balançou a cabeça negativamente. 

- Morfina. Mas não se assuste. Ele já vem usando há algum tempo. 

- O senhor diz que ele está usando morfina há algum tempo e ainda me pede pra ficar tranquila? – perguntei sem conseguir acreditar na sua calma. – Não preciso frequentar a faculdade de medicina pra saber que isso é completamente errado e arriscado. Vocês andam anestesiando o Michael para que ele possa dormir? Meu Deus... Ele está cercado de loucos. 

- Ele estava muito agitado, não dormia há mais de cinco dias – tentou justificar. – Precisávamos fazê-lo descansar. 

- Por que o senhor atende quando ele pede essas merdas? Que espécie de médico é o senhor? – Sem esperar uma resposta, fui na direção de Michael e acariciei seus cabelos, preparando-me para acordá-lo. – Vou acabar com isso, agora. 

- Minha jovem, você pode chamá-lo, sacudi-lo, jogá-lo pela janela se quiser, mas nada disso irá colocá-lo de pé – o médico resmungou. – Ele só irá acordar quando o efeito do medicamento cessar. 

- Daqui a quanto tempo? 

- Umas duas horas. 

- Ficarei aqui – afirmei. – E nem pense em dizer que não. Quero me certificar de que o senhor não irá cometer a insanidade de aplicar outra dose se ele acordar pedindo por mais. 

O médico abriu a boca para dizer algo, mas conteve-se. Voltou a se acomodar em sua poltrona e eu me sentei ao lado de Michael, esforçando-me para controlar as lágrimas que surgiam a cada vez que eu olhava para sua pele clara completamente marcada. Vendo-o daquela forma, tão frágil e vulnerável, eu só conseguia pensar em protegê-lo. Deus sabe que eu me colocaria em seu lugar se fosse possível. Eu só conseguia pensar em um trecho da canção “Will You Be There” e me perguntar se ele a compusera em um momento parecido com aquele. 

“Quando cansado
Diga se você vai me abraçar
Quando errado, você vai me moldar?
Quando perdido, você vai me achar?”

Segurei sua mão fria e permaneci com ela na minha por todo o tempo em que Michael continuou a dormir. Horas depois pude notar suas primeiras reações e apenas muito tempo mais tarde ele conseguiu abrir os olhos. Pensei que ele iria se assustar com a minha presença ali, mas ele nem pareceu perceber. Era como se ele continuasse a dormir, porém de olhos abertos. Chamei o seu nome suavemente, mas logo pude notar que ele nem sequer me escutava.

- É normal... – o médico murmurou para mim. – O efeito do medicamento irá se esvair do corpo dele lentamente e logo ele conseguirá levantar.

- O senhor pode nos deixar sozinhos? – perguntei. – Eu posso cuidar dele agora. 

Apesar de visivelmente contrariado, doutor Madison não fez nenhuma objeção ao meu pedido. Assim que ele juntou alguns frascos e os colocou em uma maleta branca, saiu do quarto sem se despedir. 

- Michael... – chamei novamente, na esperança de que ele já conseguisse ouvir minha voz. – Michael, pelo amor de Deus, diga-me que você está conseguindo me ver. 

Nada. 

- Por que você faz isso? – sussurrei baixinho, acariciando seu rosto com a mão trêmula. – Você não precisa. Não precisa viver assim. 

Ele permaneceu de olhos abertos, sem esboçar nenhuma reação, enquanto eu tentava manter um elo de comunicação, por mínimo que fosse. 

- Amber... – ele conseguiu dizer pouco depois, com a voz embolada e quase ininteligível. – O que você está fazendo... aqui, garota? 

- Impedindo que você se autodestrua – respondi com um suspiro de frustração. – Você pediu que ele lhe desse morfina, Michael? 

- Que horas são? – perguntou com a expressão perdida, como se não tivesse a mínima noção do tempo e do espaço. 

- Bem tarde – murmurei. – Pelo que a Grace disse quando cheguei, você está nesse quarto desde antes do almoço. 

- Eles estão no rancho, não estão? – afirmou com os olhos repentinamente sobressaltados. – Eles estão por toda parte. 

- Eles quem? – perguntei sem entender. 

- Eu tenho que sair daqui – ele murmurou, fazendo impulso para se levantar. - Aqueles filhos da mãe... Aqueles filhos da mãe... Eles querem colocar o Justin no meu lugar. 

Puxei-o para cama novamente, impedindo-o de tentar sair andando. 

- Ninguém quer colocar ninguém no seu lugar, tá bom? – tentei tranquilizá-lo. – Justin Timbarlake não é ninguém comparado a Michael Jackson. 

- Escuta, Amber, escuta – disse com a voz ainda embolada. – Querem... Eles querem destruir a minha música. A Sony sabe de tudo. São eles, são eles. 

- Michael, olha pra mim – eu disse, puxando-o para perto. 

- Mas que inferno! – ele gritou com um tom estranho de voz, levantando-se aos tropeços. – Eu não te chamei aqui. Vá embora! Onde está o doutor Madison? Pra onde você o mandou? 

Levantei-me e o agarrei pelo braço, conduzindo-o na direção do banheiro mesmo contra sua vontade. Ele estava perturbado, mais nervoso que o habitual, e eu sabia que isso era efeito colateral do dia inteiro dormindo artificialmente. 

- Você precisa lavar o rosto, Michael – eu disse. 

- Eu já mandei você ir embora – ele reclamou. – Saia. Fique com eles. Todos se voltam contra mim, uma a mais não vai fazer diferença. 

- Minha nossa... Você faz ideia das merdas que está dizendo? 

Eu o guiei na direção da pia e forcei seu rosto na direção da torneira. 

- Seus filhos estavam lá embaixo quando cheguei, e eles estavam querendo saber de você. Você precisa tirar os efeitos dessa droga do organismo, cara. Se não for por mim, que seja por eles. 

Ele encarou seu reflexo no espelho e começou a chorar. Estava com os cabelos desgrenhados, a pele ainda mais pálida, os olhos sem foco algum. 

- Também vão querer levar minhas crianças – ele fungou. – Não vou deixar que tirem meus bebês de mim, Abby. Eu não suportaria. 

- Eles não irão tirar seus filhos de você – murmurei, ajudando-o a lavar o rosto, afagando seu ombro. – Você é um ótimo pai. 

Michael apoiou as duas mãos na pia e permitiu que a água corresse por sua pele. Vi ele fazer vômito embaixo da torneira e o ajudei a se limpar e se secar com uma toalha branca de algodão. 

Ele estava trêmulo, parecia cansado e desconfiado. Esforçou-se para controlar a respiração e quando pareceu estar um pouco mais lúcido, ele levantou a cabeça e me encarou pelo espelho. 

- Você prometeu que não faria mais isso – eu murmurei para ele, inconformada com seu estado, observando seu reflexo com os olhos marejados. – Por que continuar a se entupir com essas porcarias? 

- Não sou nenhuma criança, Amber – ele respondeu com firmeza, soltando um longo e pesado suspiro. – Sei muito bem como cuidar de mim. 

- Você e sua teimosia idiota – reclamei. – Você não pode continuar a alimentar esse vício doentio. Não vê que isso pode acabar te matando? 

Ele franziu o cenho. 

- Quem você pensa que é para dizer o que eu posso ou não posso fazer? 

Meu coração se apertou e fitei seu reflexo com frustração. Será que ele não conseguia perceber o quanto suas atitudes preocupavam todos que o amavam? 

- Eu gostaria muito de ter coragem suficiente pra desistir de você, sabia? 

Suas sobrancelhas se arquearam e ele deu de ombros, como se não se importasse. 

- Oh sim, você não seria a primeira – rebateu com sarcasmo. - Diga-me, por que não o faz? 

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu o virei para mim, esticando a mão para tocar sua face. Como eu poderia desistir? Como eu poderia abandoná-lo? 

- Porque eu não suportaria te perder – sussurrei baixinho, olhando em seus olhos. – Perder você, Michael, seria como perder uma parte de mim mesma. 

Ele engoliu em seco e desviou os olhos dos meus, com a respiração descompassada. 

- Você não vê que precisa de ajuda? – perguntei. – Você pode contar com a ajuda dos melhores profissionais do mundo. Precisa descobrir o que causa a sua insônia e se livrar da necessidade de usar medicação. 

- Eu sinto dores, Amber – ele disse, e vi que seus olhos também estavam cheios de lágrimas. – Acha que nunca tentei me tratar? 

- Tem que haver algum jeito – murmurei. Suspirei e passei as mãos delicadamente pelo seu peito. – Michael, eu quero que você me prometa algo. 

- Não gosto de promessas. 

- Mas irá prometer – eu disse com determinação. – Irá prometer, porque nada poderei fazer se você não aceitar a minha ajuda. 

Ele assentiu e continuou a me fitar. 

- Tudo bem, diga. 

- Quero que você me prometa, que quando sentir vontade de chamar o doutor Madison, irá chamar a mim – murmurei. - Eu virei, Michael, não importa onde eu esteja. Virei para me deitar ao seu lado, fazer cafuné na sua cabeça, entoar canções de ninar, mesmo que nada disso te faça dormir. Eu irei abraçá-lo, colocá-lo no colo, balançá-lo em meus braços, mesmo que você permaneça a noite inteira acordado. Farei tudo que puder, mesmo que nenhuma das tentativas demonstre resultado, simplesmente porque sei que o amor que eu quero te dar é muito melhor do que qualquer medicamento. Você não está sozinho. Não está sozinho e tem que saber disso. 

Nossos olhos agora estavam completamente vermelhos e ele me abraçou, infiltrando uma das mãos nos meus cabelos para me manter o mais próximo possível. Seus lábios repousaram-se sobre os meus levemente e o apertei com força em meus braços quando fui beijada. 

- Eu prometo – ele sussurrou. – Eu prometo. 

Permanecemos abraçados por vários minutos, como se nossas próprias vidas dependessem daquele contato, e quando ele finalmente se afastou, enrolou uma mecha dos meus cabelos escuros nos dedos e a colocou atrás da orelha. 

- Sabe aquela história de se apaixonar pela pessoa errada? – ele perguntou com um fio de voz. – Acho que aconteceu com você. Você se apaixonou pela pessoa errada, Amber. 

Balancei a cabeça negativamente. 

- Pare com isso, Michael. Não existe isso de se apaixonar pela pessoa errada – respondi. – Quando se ama de verdade, essa tal pessoa errada é a única pessoa certa para o nosso coração. 

Ele conseguiu sorrir e me abraçou novamente. 

- Eu te amo. – Beijou meus lábios e apertou os olhos com pesar. – Oh Deus, feliz aniversário. 

Assenti. 

- Obrigada. 

- Nosso jantar – ele murmurou colocando o rosto entre as mãos. – Droga, eu estraguei tudo. 

- Não, não precisa se preocupar com isso. O ano possui 345 dias, podemos jantar em qualquer um deles – respondi com uma piscadela. 

- Comprei um presente para você... – ele sussurrou com um pouco de confusão mental. – Mas... não estou conseguindo me lembrar de onde o coloquei. 

- Sei onde está meu presente – murmurei, roçando meus lábios lentamente pelas suas bochechas. – O maior que já recebi. 

Ele riu com suavidade. 

- Sério? E onde está? 

Beijei seus lábios e enlacei os braços no seu pescoço. 

- Bem aqui na minha frente – respondi, quando nossos lábios se separaram. 

Ele me abraçou e acariciou meus cabelos. 

- Eu preciso de você – sussurrou ao meu ouvido. – Prometa que não irá me abandonar. Que não me deixará sozinho. 

- Pensei que você não gostasse de promessas – murmurei. 

- Oh, por favor, Abby – insistiu. 

- Claro que não irei abandoná-lo – confirmei fitando seus olhos. - O que quer que aconteça, e digo isso sem sombra nenhuma de dúvida, seja como sua namorada ou apenas como uma amiga, eu irei estar ao seu lado. 

“Em nosso momento mais escuro
Em meu desespero mais profundo
Você ainda vai se importar?
Você vai estar lá?
Em meus julgamentos e tribulações
Em nossas dúvidas e frustrações
Em minha violência 
Em minha turbulência 
Por meus medos e confissões 
Minha angústia e minha dor 
Minha alegria e meu sofrimento 
Na promessa de um outro amanhã. 
Nunca te deixarei partir 
Porque você está sempre em meu coração”

Ele me abraçou novamente, tão apertado que quase me roubou todo o ar. Sabíamos - pela primeira vez sabíamos de verdade - que poderíamos lutar contra aquilo tudo juntos. Contanto que estivéssemos um ao lado do outro, teríamos força suficiente para superar todas as adversidades e obstáculos no caminho. Com Michael, aprendi que os desafios não existem para nos desanimar ou desencorajar. Eles existem, simples e unicamente, para nos tornarem mais fortes. E força é, sem a mínima sombra de dúvida, algo que Michael sempre demonstrou: mesmo nos momentos mais difíceis da sua vida.